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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

MASÉ LEMOS
( BRASIL – MINAS GERAIS )

 

 

Maria José Cardoso Lemos - Masé Lemos nasceu em Minas Gerais em 1965. Recentemente publicou o poema em prosa “Chuva” na revista
eletrônica Paralelos.
Professora Associada da Escola de Letras da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO. Doutora em Letras pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3 (2004) com tese sobre a obra de Raduan Nassar, "Une poétique de l'intertextualité". Fez estágio de pós-doutoramento na UERJ [2005-2006] com bolsa FAPERJ e foi Professora Visitante no Setor de Teoria Literária do Departamento de Letras da UERJ (2007-2012) onde atuou na graduação, na pós-graduação e na Especialização em Literatura Brasileira. É pesquisadora associada do Centre de Recherche Sur les Pays Lusophones - CREPAL - da Université de la Sorbonne Nouvelle - Paris 3. É líder do Grupo de Pesquisa do CNPq sediado na UNIRIO "Literatura e Linguagens: fronteira, espaço, performance, memória" e faz parte do Grupo de Pesquisa do CNPq "Estudos de Paisagem nas Literaturas de Língua Portuguesa" liderado pela professora Ida Alves da UFF. Atua desde 2016 no Núcleo de Tradução e Criação (NTC/UFF). Pesquisa atualmente a poesia contemporânea brasileira, portuguesa e francesa, desenvolvendo estudos acerca das relações entre poesia, prosa, lirismos e feminismos. Publicou diversos livros, artigos, traduções e coorganizou, dentre outros, os livros "Literatura e Paisagem em Diálogo" (2012); "Estudos de Paisagem: literatura, viagens e turismo cultural" (2014); "Poesia e interfaces operações, composições, plasticidades." (2017)

Informações coletadas do Lattes em 01/05/2022

 

INIMIGO RUMOR – revista de poesia.  Número 16 – 1º SEMESTRE 2004. Editores: Carlito Azevedo,  Augusto Massi.   Rio de Janeiro, RJ:  Viveiros de Castro Editora, 2004.  176  p. 
ISSN  1415-9767.                          Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

 

  1. SÁBADO CHUVOSO EM SÃO CRISTÓVÃO

    querida gosto deste movimento e ficar olhando o lápis e o papel. Riscos
    pretos sobre o branco irrompem pela casa. você e eu e uma distância
    vertiginosa. Sozinha e os dedos. O pé pisa forte o chão, estou de pernas
    cruzada sobre o caderno, os braços e as cadeiras. alguém percebe os
    hábitos e isto é amor. e a pressa do vento. dois quadros lado a lado e
    você sorrindo, uma respiração e ruídos de carro. cada almofada escolhida
    sete, sozinha e a reflexão.  alguém observa, as velas faíscam roxos e
    hálito.  a ambição.  o quê dizíamos?  ele me viu e lembrou-se.  allegro.
    ele e eu fugaz.  o morno, o tépido, o cigarro.  sozinha e os pés deslizando.
    a madeira despontando o grafite.  os dedos e o cigarros.  a página já não
    era branca, tinha linhas.  com você eu e uma sabedoria.  nem penso nisso.
    sua força radical merece três elegias.  e as sombras, o cigarro, os dedos
    percorrendo a sabedoria.  cada minuto é rasura tabulae e o sábado chuvoso
    em São Cristóvão.


    2. SÁBADO CHUVOSO EM SÃO CRISTÓVÃO

    gosto desse movimento olhando o lápis e papel
        riscos pretos sobre o branco irrompem pela casa.

    você e eu uma distância vertiginosa.

    sozinha os dedos curvados
    a pressa do vento.

    [alguém percebe os hábitos e isso é amor]

    dois quadros lado a lado        você sorrindo
    sozinha os pés deslizando
    a madeira despontando o grafite.

    [alguém observa, as velas faíscam roxo e hálito]

    as linhas são sulcos desviados
    — o capim transborda reluzente.

 

 

 

REDOR

um escritor viaja de trem, a noite cai descontroladamente.
[o espaço literário é de morte.]  os trilhos não são fuga nem
desvio.  o adágio não excluía a alta velocidade de uma parada
em cinco horas, chega e retorna e não é refrão.  a bossa nova
seria azul claro sem tonalidades variadas.  ele passa.  Reticen-
te pronto explosão.  solilóquios esquadrinhados.  não existe
garrafa jogada ao mar, mas abundância.  A letargia faz querer

avançar.  sem chumbo nem ironia do vinho.  frases ao humor.
o escritor constata o azul com seus olhos gastos de ruas. indi-
ferentes.  consumidos, moedas empilhadas.  um almoxarifado
sempre está cheio e exausto.    a lâmpada é 40.  “desajeitado 
meu cão.  sem beleza, viajo embriagado.   da janela uma pla-
nitude de horizontes me prende, a estação corrói os ventos ge-
dos do sul, uma cerveja.   o tempo parece lufada de ar.   bem
aberto.”   o lápis sobre a mesa é epidíctico.



*

 

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Página publicada em dezembro de 2023

 


 

 

 
 
 
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